...minha mãe conta que quando eu era bebe ela colocava um radinho de pilha dependurado no berço que servia como remédio de efeito instantâneo contra meu choro,aos cinco anos me lembro de as tardes acompanhando os cantores no radio a sombra das enormes laranjeiras que ficavam no centro do nosso quintal ,era uma colônia de casas onde cada um dos filhos do meu avo João moravam com suas noras e netos,ficava perto do rio Uberabinha mais ninguém se arriscava a banhar-se na suas águas, as ruas eram de terra e pedras de cascalho ,aos oito anos construí com uma caixa de uva , linha de anzol e pequenos pregos uma primitiva guitarra , e o cabo de vassoura que antes me servia como cavalo,agora era um potente microfone amplificando a minha voz nos shows inspirados na musica pop que tocava na Transamérica ,com dez anos me mudei para um bairro distante do centro ,e tudo me fascinava ,íamos para os rios e cachoeiras para pegar uma cor ,enquanto os professores marcavam um F em frente ao nosso nome na lista de presença ,foi nessa época que me mostraram o Rock,camisetas de banda e calças rasgadas no joelho,era a musica PUNK que tocava no radinho agora, passava as tardes ouvindo a única fita que tinha em casa (coletânea-sub) e com ela aprendi a enxergar o mundo com olhos críticos ,nasce então minhas primeiras composições de protesto ,era o ano de 2001 e o novo sonho surgia (ter uma banda), nos shows sempre mostrava essas letras para o povo que elogiava e incentivava a formação dessa banda, tive então a idéia de ver as bandas que já tinham historia na cidade tocando essas musicas ,e foi o que aconteceu. Já no fim de 2005 conheci um cara que viria a ser peça-chave no meu desenvolvimento-intelectual, seu nome (GI-BIZOURINHO) e foi ele que um dia vi sentado com o caderno aberto e caneta em punho escrevendo o que eu não sabia,perguntei a ele o que era aquilo,e ele me disse: -são minhas idéias , no outro dia de manha comprei um caderno e comecei a organizar as antigas musicas - punks que se acumulavam em folhas soltas e muitas ate se perdiam,no fim desse caderno escrevia coisas que não confiava dizer a ninguém ,por isso escrevia no fim ,pois sabia que não chegariam lá, e no dia 23-01-2006nasceu o meu primeiro grande poema (o cacto), que veio com a missão de me convencer ser poeta , e desde aquele dia as coisas mudaram tanto.
Rafael Oliveira