quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

...minha mãe conta que quando eu era bebe ela colocava um radinho de pilha dependurado no berço que servia como remédio de efeito instantâneo contra meu choro,aos cinco anos me lembro de as tardes acompanhando os cantores no radio a sombra das enormes laranjeiras que ficavam no centro do nosso quintal ,era uma colônia de casas onde cada um dos filhos do meu avo João moravam com suas noras e netos,ficava perto do rio Uberabinha mais ninguém se arriscava a banhar-se na suas águas, as ruas eram de terra e pedras de cascalho ,aos oito anos construí com uma caixa de uva , linha de anzol e pequenos pregos uma primitiva guitarra , e o cabo de vassoura que antes me servia como cavalo,agora era um potente microfone amplificando a minha voz nos shows inspirados na musica pop que tocava na Transamérica ,com dez anos me mudei para um bairro distante do centro ,e tudo me fascinava ,íamos para os rios e cachoeiras para pegar uma cor ,enquanto os professores marcavam um F em frente ao nosso nome na lista de presença ,foi nessa época que me mostraram o Rock,camisetas de banda e calças rasgadas no joelho,era a musica PUNK que tocava no radinho agora, passava as tardes ouvindo a única fita que tinha em casa (coletânea-sub) e com ela aprendi a enxergar o mundo com olhos críticos ,nasce então minhas primeiras composições de protesto ,era o ano de 2001 e o novo sonho surgia (ter uma banda), nos shows sempre mostrava essas letras para o povo que elogiava e incentivava a formação dessa banda, tive então a idéia de ver as bandas que já tinham historia na cidade tocando essas musicas ,e foi o que aconteceu. Já no fim de 2005 conheci um cara que viria a ser peça-chave no meu desenvolvimento-intelectual, seu nome (GI-BIZOURINHO) e foi ele que um dia vi sentado com o caderno aberto e caneta em punho escrevendo o que eu não sabia,perguntei a ele o que era aquilo,e ele me disse: -são minhas idéias , no outro dia de manha comprei um caderno e comecei a organizar as antigas musicas - punks que se acumulavam em folhas soltas e muitas ate se perdiam,no fim desse caderno escrevia coisas que não confiava dizer a ninguém ,por isso escrevia no fim ,pois sabia que não chegariam lá, e no dia 23-01-2006nasceu o meu primeiro grande poema (o cacto), que veio com a missão de me convencer ser poeta , e desde aquele dia as coisas mudaram tanto.
Rafael Oliveira
((estória))

Havia naqueles dias um gigante sobre a face da terra,
Cansado de tantos tremores que seguiam seus passos,
Suas costas eram queimadas de sol
Pois não tinha sombra que o protegesse,
Bebia rios e vomitava lagos amarelos e sólidos
Deixando marcas nos vales onde habita o silêncio
Que pensa em se libertar de sua mudez,
O gigante se banhava no oceano
Que logo se transformava numa banheira de espuma branca,
Estendia suas roupas nas montanhas
E esperava que secasse com o vento forte,
Na minha estória ele não tinha moradia
Ocupando continentes,
Não falo de um ser de 30 metros,
O garoto percorria todo o planeta
Ao entardecer fumando uma floresta seca
Num cachimbo colossal.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

(Texto)
Quando criança queria ser americano
E se fosse fim de ano
Correria para ver os caminhões da coca no horizonte com lusinhas coloridas,
Brincar na neve ou num lago congelado
Trajando vestimentas de pele animal que não sentiam frio
E hoje padecem na vitrine de um açougue que vende carnes exóticas,
Queria ser americano pra não precisar ler aquelas letrinhas pequenas
Que fazem rápidas aparições nos filmes antes de chegarem nas locadoras,
Ainda não sei ler tão rápido,Já não gosto da idéia de patinar no gelo,
E sinto pena daquele casaco que um dia teve coração,
A verdade é que desisti de ser americano.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


GRANDE-POESIA

É pra você tudo que faço me esquecendo ate de mim
só sinto seu gosto e tudo mais é neutro
meus olhos dizem o que você quer ouvir
despenteio seu cabelo e você se rende
arranha meu pescoço com os dentes
e nunca imaginei ser tão bom a dor
deixou seu cheiro no meu travesseiro e quando foi embora ainda te sentia
me arrepio quando ouço meu nome na sua boca
e sempre me pede pra cantar aquela música
o que eu mais quero é ser você pra nunca me abandonar
e não estranhe se as vezes te chamar de mãe
adormecer no seu colo e sonhar com cores que ofusquem meus olhos
assim como a sua presença
se existe algo maior que o amor é o que eu estou sentindo
e se algum dia não te encontrar também terei sumido